VIOLÊNCIAS NARRADAS POR MULHERES NA AMÉRICA LATINA: MARCAS NA CARREIRA E NAS TRAJETORIAS Descargar este archivo (05 Violencia narradas- MSde Lima, PCaldas.pdf)

Maria Sara de Lima Dias
Paula Caldas Brognoli

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, Brasil

Resumo

A violência marca a carreira e a trajetória das mulheres no mundo profissional. Uma mulher pode ser interrompida durante sua fala por um homem, o chamado “manterrupting”, o que representa uma violência verbal, uma entre outras formas de violência que afetam o comportamento e a vida das mulheres dentro de seus ambientes de trabalho. As violências podem ser de ordem, física, psicológica e também econômica ou simbólica. Os dados do apontam as mulheres, em todo o mundo, têm o receio de defender os seus direitos e de lutar pela equidade de gênero. As brasileiras sentem medo de defender seus direitos e temem o que possa acontecer com elas. Com o objetivo de descrever o impacto da marca da violência que permanece nas mulheres, em suas carreiras e trajetórias, se realizou uma pesquisa de inquérito. Como instrumento foram aplicados questionários para 190 mulheres traduzidos do português, para o espanhol e inglês e disponibilizado entre os dias 23 e 25 de novembro para as participantes durante 14° Encuentro Feminista Latino Americano y del Caribe. O encontro reuniu cerca de 2.000 mulheres em Montevidéu no Uruguai em 2017. Como análise das narrativas evidenciou-se através das questões abertas após um procedimento de tabulação as seguintes categorias: assédio sexual, moral, discriminação, preconceito e violências, seja verbal, física, psicológica e econômica. São mulheres de diferentes perfis e idades e de diversos países da América Latina. Em suas narrativas percebem a discriminação de gênero, em suas vivências seja como vítimas no espaço privado nas relações domésticas e familiares ou no espaço público no trabalho, que promovem impactos na carreira profissional e nas relações laborais. O silenciamento sobre as violências em suas relações pode ser evidenciado pelo número de mulheres (qual é esse número) que evitam admitir situações em que se sentiram constrangidas ou desrespeitadas em função de questões de gênero.

Palavras-chave: Mulheres; Violências de gênero; Carreira.

Abstract

Violence marks the career and trajectory of women in the professional world. A woman may be interrupted during her speech by a man, the so-called “keep-breaking”, which represents verbal violence, one of the other forms of violence that affect the behavior and life of women within their work environments. Violence can be of a physical, psychological, economic or symbolic nature. Data from women point out that women around the world are afraid to defend their rights and to fight for gender equity. Brazilian women are afraid to defend their rights and fear what might happen to them. In order to describe the impact of the brand of violence that remains on women in their careers and trajectories, a survey was conducted. As a tool, questionnaires were applied to 190 women translated from Portuguese, Spanish and English and made available from November 23 to 25 to participants during the 14th Latin American and Caribbean Feminist Encuentro. The meeting brought together about 2,000 women in Montevideo, Uruguay in 2017. As an analysis of the narratives, the following categories emerged through open questions after a tabulation procedure: sexual harassment, moral, discrimination, prejudice and violence, whether verbal, physical, psychological and economic. They are women of different profiles and ages and from different countries in Latin America. In their narratives, they perceive gender discrimination, whether in their experiences as victims in the private space in domestic and family relations or in the public space at work, which promote impacts on their professional career and labor relations. The silence on violence in their relationships can be evidenced by the number of women (which is this number) who avoid admitting situations in which they felt embarrassed or disrespected due to gender issues.

Keywords: Women; Gender violence; Career.

Introdução

Carreira da mulher

As mulheres são maioria entre os estudantes brasileiros na educação superior. Como reflexo da sua maior qualificação e da necessidade de a renda feminina compor o orçamento familiar, as mulheres estão mais atuantes nas atividades remuneradas.Para muitas mulheres, o inicio de suas carreiras começam dentro das universidades como uma possibilidade de formação e busca de conhecimento. De acordo com González et al. (2018) as universidades são espaços onde homens e mulheres vão para adquirir treinamento em várias áreas do conhecimento. Para atingir este objetivo de forma otimizada, as universidades devem abordar aspectos pedagógicos, acadêmicos e administrativos. Além disso, eles devem avaliar as relações entre homens e mulheres, a fim de garantir que todo esse processo ocorra em um ambiente equitativo que dê a cada um deles as mesmas oportunidades.

Os múltiplos papeis sociais enfrentados pelas mulheres afetam o desenvolvimento de suas carreiras.De acordo com Barros et al. (2018) mais atuantes nos ambientes e atividades anteriormente consideradas masculinas, mas os homens não assumiram, na mesma proporção, as responsabilidades domésticas e familiares, levando a uma sobrecarga física e psicológica das mulheres e consequente dificuldade para o desenvolvimento na carreira científica.Segundo Hryniewicz (2018) as mulheres vêm acumulando conquistas importantes no mercado de trabalho. Por outro lado, as desigualdades históricas de gênero em termos ocupacionais persistem, sobretudo se mencionarmos que as mulheres constituem minoria nas ocupações de maior status, como, por exemplo, cargos de alta gerência e posições executivas, como chief executive officer (CEO), chief financial officer (CFO), chief operations officer (COO), além dos boards de diretores.A carreira da mulher envolve diversos obastáculos e papéis sociais, como a maternudade, responsbailidadd do lar e padrões que a sociedade impõe, pelo fato de ser mulher. Para Mota-Santos (2019) o percurso do trabalho feminino passa a fazer parte das transformações políticas, sociais e econômicas do Brasil. Apesar disso, as atividades com o lar continuam sob a responsabilidade das mulheres.

A mulher no mercado de trabalho em organizações

Atualmente, as mulheres estão presentes em quase todas as profissões, inclusive em atividades antes destinadas apenas aos homens, como na engenharia mecânica, no transporte público, na carreira militar, dentre outras. A imagem social da mulher que constrói uma carreira profissional passou a ser mais valorizada. Além de superar a segregação ocupacional, um número crescente de mulheres vem conquistando maior respeito profissional e alcançando cargos de chefia e comando, embora os homens ainda predominem na diretoria das empresas e em funções gerenciais, principalmente no setor privado. No entanto, no campo do trabalho a mulher ao se inserir em diversas organizações, também enfrenta problemas estruturais. Segundo Lima (2018) o contemporâneo debate da desigualdade no trabalho, em que pese a diferenciação salarial, e apesar das investidas político-jurídicas de enfrentamento, mantém-se elevado. Esse cenário de disparidade apresenta-se como reflexo de uma cultura sexista, machista e segregante da mulher – e que (re)produz diversas outras desigualdades

Segundo Castiblanco Moreno (2018) a solução para a segregação das mulheres, não apenas nos mercados de trabalho, mas em outras esferas públicas e privadas onde atuam, está intimamente relacionada à sua liderança na luta por essas demandas, ao reconhecimento das causas das situações de subordinação às mulheres.

Para Proni et al. (2018) a valorização e a proteção ao trabalho da mulher no Brasil estão associadas com a evolução do Direito do Trabalho e à atuação das instituições públicas que deveriam assegurar sua efetividade, tais como o Ministério do Trabalho e Emprego, o Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a violência é definida como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação. A definição dada pela OMS associa intencionalidade com a realização do ato, independentemente do resultado produzido. Em seus relatos as mulheres descreveram seus sentimentos, suas vivências e como o agressor lhes causou danos, tanto físicos como psicológicos, o que muda a história dessas mulheres para toda a vida. E são essas mesmas mulheres, vítimas, que fazem do seu passado um presente de lutas definidas em múltiplas vozes, que permitem o fortalecendo do movimento feminista. A violência afeta mulheres de todas as classes sociais, etnias, e por todo o mundo. Sendo compreendida como um fenômeno estrutural e de responsabilidade da sociedade. Outras formas de manifestação da violência, podem ser compreendidas como o assédio e o preconceito. O assédio significa repetidas ações de desqualificação, desclassificação, menosprezo da mulher, e o preconceito que pode ser definido como um sentimento hostil, de intolerância e comportamentos humilhantes. As mulheres da América Latina se unem em sua diversidade afirmando processos e ações onde o pensar, elaborar, executar conjunto permitem construir espaços de reflexão. Como o Encontro feminista ocorrido no Uruguai, lugar em que se constroem sentidos e significados sobre a luta feministra, e neste contexto o que pode ser ou não considerado como um ato violento, tais debates constituem-se sobre uma base dialogada de um conjunto das memórias das mulheres que foram vivenciadas. De modo que em tais encontros feministras pode-se ouvir as mulheres e se demonstrar a presença ou não da violência, do assédio e do preconceito em suas vidas retratando o cotidiano das mulheres em diferentes lugares da América Latina.

Segundo Silva (2012) existem inúmeros fatores associados à violência contra a mulher, tais como os antecedentes familiares de violência, o uso de álcool pelo parceiro, o desemprego, o baixo nível socioeconômico da vítima, além do frágil apoio social ofertado à mulher. Entretanto, o principal fator relacionado à essa forma de violência são as desigualdades causadas por relações tradicionais de gênero, em que as agressões significaram uma estratégia de manutenção do poder masculino. SegundoTavares (2016) apreende-se que a violência contra as mulheres é uma manifestação da violência de gênero. Esta demarcação é relevante, pois comumente ambas têm sido tratadas como sinônimos.

Violência da mulher

Segundo Conselho Nacional de Justiça a violência contra a mulher –é qualquer conduta– ação ou omissão– de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que cause dano, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça conceitua as formas de violência contra a mulher: a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.

Para Oliveira, et al. (2017) a violência contra a mulher é um problema mundial e é discutido um episódio de saúde pública. Esse tipo de problema acarreta às mulheres vítimas uma sér sintomas físicos e emocionais, tais como: ansiedade, medo sentimento de inferioridade, insegurança, baixa autoestima e grande sofrimento psíquico, que requer tratamento diferenciado com analistas. A exposição a situações de risco, como a violência contra as mulheres, tem sido fortemente associada a diversos problemas psiquiátricos. Outro tipo de violência. a importância do reconhecimento da violência contra as mulheres como epidemia e seu impacto sobre a saúde mental delas.Para Oliveira (2014) Dentro da normalização do que uma mulher pode esperar de suas relações, a violência surge, muitas vezes implicitamente, como algo que sequer é compreendido como aquilo que realmente é, já que é naturalizada e banalizada pela sociedade. Quando a mulher passa por algum tipo de violência, geram problemas emocionais, e as diversas formas de violência justificam a necessidade de apoio psicológico.

Para en todo el país la diversidad social, cultural y geográfica existente implica la necesidad de pensar y gestionar el desarrollo local sobre bases que, entre otros elementos fundamentales, reconozca las articulaciones culturales y espaciales en el tratamiento a nivel local de los problemas de género, entre los cuales, la violencia continúa constituyendo un obstáculo al pleno desarrollo humano de las mujeres (Hernández,p. 107,2016).

Não somente na América Latina, mas em todo o mundo, se precisa fortalecer a discussão e enfrentar todas as implicações que ocorrem pelo fato de ser mulher. A mulher precisa estar fortalecida numa sociedade machista e patriarcal. De acordo com Montero (2006) “El fortalecimiento de las personas se realizaría a través de la participación de las estructuras mediadoras en la generación y ejecución de la política social”.

Para Montero (2009) Hay una continua relación de tensión, que a veces puede llegar al conflicto, entre las influencias de los procesos psicosociales comunitarios de fortalecimiento, que suponen el desarrollo de una identificación social comunitaria afirmativa, así como de autonomía tanto en grupos comunitarios como en grupos formados en función de intereses ciudadanos.

Objetivos

Como objetivo pretendeu-se mapear o fenômeno da violência e pesquisar os relatos destas mulheres questionando se já foram vítimas de algum tipo de violência.

Metodologia

Como método de pesquisa se compreende que a mediação técnica nunca é alheia ao sujeito observador e nem ao objeto observado, assim a técnica empregada mescla os dados quanti e qualitativos recolhidos que foram aplicados durante o evento. Para fortalecer o estudo se realizou uma pesquisa que teve curso durante 14° Encuentro Feminista Latino Americano y del Caribe em Montevideo-Uruguai. Se justifica a pesquisa durante o encontro das feministas latino-americanas tendo em vista que o evento que reuniu cerca de 2000 mulheres em Montevidéu no Uruguai no ano de 2017. Assim julgamos que o evento possibilitaria contribuir com uma visão das mulheres que foram vítimas de violência. Deste modo pretendeu-se mapear o fenômeno da violência e pesquisar os relatos destas mulheres questionando se já foram vítimas de algum tipo de violência. Cumpre destacar que os conceitos de violência, assédio ou preconceito, na perspectiva histórico cultural, são produtos de uma determinada sociedade e cultura machista e patriarcal, por vezes são conceitos híbridos que se mesclam em complexas representações subjetivas. Criou-se como instrumento de pesquisa um questionário com questões abertas e fechadas envolvendo a temática do preconceito, assédio e violência tal instrumento foi traduzido do português, para o espanhol e inglês e foi disponibilizado entre os dias 23 e 25 de novembro para as participantes do encontro. Como procedimento de análise dos dados se utilizou da análise de conteúdo que tem por finalidade uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto na resposta das participantes.

Resultados e Discussão

Resultou em 190 questionários respondidos voluntariamente pelas participantes no encontro.Quando questionadas sobre se já foram vítimas, 160 mulheres disseram ter sido vítimas de preconceito,156 sofreram assédio e 152 mulheres descreveram ter sofrido algum tipo de violência. São mulheres de diversos países, como Argentina, Uruguai, Brasil, Peru, Equador, México, Suécia, Guatemala, Nicarágua, Estados Unidos, Bolívia, Cuba, Chile, Colômbia, Porto Rico, Paraguai, República Dominicana, Panamá, El Salvador. A média da idade das participantes foi de 37 anos. Na análise das questões abertas emergiram as seguintes categorias: assédio moral, assédio sexual, violência física, psicológica e os diferentes tipos de preconceitos ligados ao gênero. Quanto ao lugar em que ocorreram estes fenômenos os espaços mais relatados pelas mulheres são expressos em diferentes ambientes foram vitimadas principalmente na rua, no ambiente de trabalho, em meios de transporte, na escola, na universidade e na praia.

Essas narrativas trazem violências sofridas em seus ambientes de trabalho, seja por questão hierárquica e que envolve o poder ao relacionar seu chefe em que são subordinadas e também no âmbito educacional, quando relacionam a universidade como um espaço sofrido por essas mulheres. São vivências contadas por elas e que atingem suas carreiras, trajetórias pessoais e profissionais.

Nicaraguense, 50 años: “Si he sufrido discriminación por ser mujer y pobre.Si de parte de mis jefes y la calle por los hombres”. Esse discurso está relacionado com a hierárquia em seu ambiente de trabalho e ressalta a presença do poder que o cargo exerce sobre a mulher.. Para Da Silva Fonseca (2018) o assédio que envolve a relação de poder e submissão entre assediador e vítima, mas também a possibilidade de ocorrer entre pessoas de um mesmo nível hierárquico dentro da organização.

Chilena,22 años: “He sufrido acoso sexual callejero desde que era muy pequeña;aproximadamente desde los 10/11 años.También he sufrido acoso universitario en torno a mi posicionamiento politico feminista, de parte de profesores que tienen una postura diferente”. De acordo com Delziovo(2018) a violência sexual causa danos que podem durar a vida inteira e estar relacionados ao bem -estar físico, a questões sexuais, reprodutivas, emocionais, mentais e sociais das mulheres agredidas. Para Da Silva Fonseca (2018) na década de 1960 no contexto americano com o termo sexual harassment e ganhou relevância tornando-se uma questão de interesse da sociedade à medida que mais mulheres adentravam o mercado de trabalho, atraindo a atenção de grupos feministas para a proteção das mesmas diante da conduta. Entretanto, assuntos relacionados ao assédio sexual sofrido por trabalhadores de um modo geral nem sempre são temas discutidos dentro das organizações pela complexidade que o contexto representa, de modo que em muitos casos é pela forma como acontecem, sem a presença de testemunhas, que as estratégias de prevenção e intervenção se tornam difíceis de serem colocadas em prática, facilitando a impunidade dos assediadores.

Boliviana, 27 años: “En mi primer trabajo me tocó ir a un pueblo a dar un taller con un quipo de 4 hombres y yo.Como tuvimos que compartir una tienda dormimos en bolsos de dormer y a media noche senti el peso de un hombre sobre mí,era mi jefe, y al volver él le contó al jefe de ambos yo me abancé sobre él.Me despidieron”. Para Tsukamoto (2019) aviolência ocupacional, qualquer ação, incidente ou comportamento baseado em uma atitude instintiva do agressor, em consequência da qual um profissional é agredido, ameaçado, sofre algum dano ou lesão, durante a realização do seu trabalho.3 Também é resultado da relação complexa de diversos fatores, com notoriedade para as condições laborais e a relação entre o trabalhador e o agressor.

Peruana, 41 años: “Cuando estaba como sub gerente hablabamos mucho sobre los derechos de las mujeres y los hombres se burlalan cuando exponiamos sobre las actividades que ibamos realizer”. Segundo Andrade (2018) uma violência perversa, o assédio moral engloba a desqualificação, o isolamento, a atribuição de tarefas de menor valor, a indução ao erro, o assédio sexual, a exclusão, as mudanças de horários e de atividades sem prévio aviso, abusos de poder.

Colombiana, 39 años: “Cuando estaba en la Universidad sufri acoso sexual por un professor y durante mi última pareja consider que sufri violencia economica, a pesar de que yo era la que devengaba y tenia autonomia económica, el se dedicaba a consumer alcohol y no aportaba para a casa”.Segundo Da Silva Fonseca (2018) o assédio sexual pode ser visto como uma forma de discriminação, quando está relacionado ao gênero, além de violar a dignidade do indivíduo que sofre a ação, retirando-lhe o direito de ter um local de trabalho onde sua saúde e equilíbrio possam ser garantidos.

Chilena, 23 años: “Trabajando me agaché a buscan unas cosas que se habían caído bajo la mesa. Cuando me levanté mis compañeros me miraban riendose.Justo entró el jefe, que me vio levantandome y me dijo “ uff me lo perdí!” A las pocas semanas me despidieron porque era problemática (pedia derechos laborales) y porque “distraía” a mis compañeros”. Segundo Da silva Fonseca (2018) o assédio sexual pode ser confundido na literatura com o assédio moral, mas se diferencia por referir-se a uma ação que envolva a possibilidade de prazer sexual pelo assediador de alguma maneira, podendo constranger a pessoa que é assediada.

Chilena, 25 años: “En mi practica professional tuve un professor que constantemente realizaba chistes machistas que incitaban a asistir con poca ropa a la práctica o como eran esteticamente nuestras vaginas”. De acordo com Mendonça (2018) as fontes de violência no âmbito do trabalho podem ser a gestão perversa, com as políticas de enxugamento, precarização das condições de trabalho, clima de ameaça e desemprego, aumento da produtividade a qualquer custo, incremento de ideologias totalitárias e uso da dominação simbólica.

Colombiana, 21 años: “En la Universidad se hacer un grupo de amigos estudiantes afuera de la Universidad para acosar a las mujeres(estudiantes) que pasen”. Para Lindomar Silva (2018) assédio moral “um comportamento indesejado que tem como objetivo e consequência atentar contra a dignidade da pessoa e criar um contexto intimidatório, hostil, degradante, humilhante ou ofensivo. o assédio moral se configura como ação sobre o indivíduo que, pela natureza de hostilidade, tem a capacidade de produzir efeitos prejudiciais na trajetória pessoal e pessoal da mulher.

Chilena, 23 años: “Muchas veces en la escuela y la Universidad desvalidaron mi opinion por ser mujer y con rasgos indigenas muy marcados. A sí mismo, una vez en una marcha me llevaron detenida y me trataron de ´mapuche´ (pueblo originario que habita el achial chile) y me denominaron terrorista. Acoso he vivido tanto psicológico, físico y sexual, desde mi infancia (4años) hasta adulta, sexualizando mi cuerpo a muy corta edad”.Para Sousa (2019) a violência sexual afeta vários segmentos da sociedade e, sendo considerada um problema de saúde pública, requer ações resolutivas. As mulheres são as principais vítimas desta injúria, que pode gerar inúmeras implicações. Mulheres que sofrem violência sexual estão mais propensas ao desenvolvimento de sintomas psiquiátricos e distúrbios psicossomáticos.

Mexicana, 54 años: “En lugar de trabajo con supuesto “galantes”que hoy conciba como acoso.Cachetada “celosa”pareja en una fiesta”.

Mexicana, 58 años: “Con frecuencia cuando era joven en el transporte público: metro,camion,escuela”. Para Silva (2019) o assédio vem sendo gradativamente discutido como uma violência silenciosa que desestabiliza a vítima, agride a sua saúde, abala a relação de trabalho e contamina o ambiente laborativo, podendo levar ao dano pessoal e à incapacidade temporária ou definitiva para o trabalho.

Suecia,61 años: “Prejuicio como son las suecas cuando era joven, asedio de jefes, de colegas, de companyeros en la Universidad, etc”.De acordo com Silva (2019) o assédio moral é um processo multicausal com diferentes abordagens, que ora estão focalizadas no indivíduo ora no contexto ou, ainda, em ambos, já que não se trata de um viés, mas de métodos e abordagens distintos. Assim, a abordagem psicológica será mais centrada sobre o indivíduo, enquanto uma abordagem sociológica será mais voltada para o context organizacional

Gráfico 1: elaborado pelas autoras (2019)

Gráfico 2: Elaborado pelas autoras (2019)

Conclusão

Em toda a sociedade científica o objetivo das teorias e dos métodos é investigar com profundidade parcelas da realidade, no entanto aspectos da realidade do fenômeno da violência relativos ao gênero foram excluídos de como objetos de pesquisa. Só recentemente os estudos sobre a violência veem se debruçando sobre a temática do gênero. Dentro deste contexto a maior parte dos estudos relativos à violência analisou-se que as mulheres com frequência são as vítimas, principalmente em função das razões alegadas pela constituição de uma sociedade machista e patriarcal. As descobertas no domínio técnico-científico sobre o gênero modificam o alcance e a função do papel da mulher em nossa sociedade. Dessa maneira a noção do que é ser mulher e o que é ser vítima de violência se alteram diante de um movimento de lutas sociais, de pesquisas e produção de conhecimento sobre a temática. Pode-se considerar que definir e conceituar a violência são um grande desafio para as ciências sociais uma vez que os significados associados ao termo são construídos socialmente e estão sujeitos a julgamento moral, histórico e cultural de cada época vivenciada. Nossa hipótese é de que a violência é o resultado de interações de diferentes fatores sociais, culturais e históricos e que pode se manifestar em diferentes níveis de complexidade. Para definir de modo geral como as mulheres feministas veem o fenômeno da violência se realizou uma pesquisa que teve curso durante 14° Encuentro Feminista Latino Americano y del Caribe em Montevideo-Uruguai. Se justifica a pesquisa durante o encontro das feministas latino-americanas tendo em vista que o evento que reuniu cerca de 2000 mulheres em Montevidéu no Uruguai no ano de 2017. Assim julgamos que o evento possibilitaria contribuir com uma visão das mulheres que foram vítimas de violência. Deste modo pretendeu-se mapear o fenômeno da violência e pesquisar os relatos destas mulheres questionando se já foram vítimas de algum tipo de violência. Cumpre destacar que os conceitos de violência, assédio ou preconceito, na perspectiva histórico cultural, são produtos de uma determinada sociedade e cultura machista e patriarcal, por vezes são conceitos híbridos que se mesclam em complexas representações subjetivas. Como método de pesquisa se compreende que a mediação técnica nunca é alheia ao sujeito observador e nem ao objeto observado, assim a técnica empregada mescla os dados quanti e qualitativos recolhidos que foram aplicados durante o evento. Criou-se como instrumento de pesquisa um questionário com questões abertas e fechadas envolvendo a temática do preconceito, assédio e violência tal instrumento foi traduzido do português, para o espanhol e inglês e foi disponibilizado entre os dias 23 e 25 de novembro para as participantes do encontro. Como procedimento de análise dos dados se utilizou da análise de conteúdo que tem por finalidade uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto na resposta das participantes. Resultou em 190 questionários respondidos voluntariamente pelas participantes no encontro. Quando questionadas sobre se já foram vítimas,160 mulheres disseram ter sido vítimas de preconceito,156 sofreram assédio e 152 mulheres descreveram ter sofrido algum tipo de violência. São mulheres de diversos países, como Argentina, Uruguai, Brasil, Peru, Equador, México, Suécia, Guatemala, Nicarágua, Estados Unidos, Bolívia, Cuba, Chile, Colômbia, Porto Rico, Paraguai, República Dominicana, Panamá, El Salvador. A média da idade das participantes foi de 37 anos. Na análise das questões abertas emergiram as seguintes categorias: assédio moral, assédio sexual, violência física, psicológica e os diferentes tipos de preconceitos ligados ao gênero. Quanto ao lugar em que ocorreram estes fenômenos os espaços mais relatados pelas mulheres são expressos em diferentes ambientes foram vitimadas principalmente na rua, no ambiente de trabalho, em meios de transporte, na escola, na universidade e na praia. A produção social da violência é objetivada tanto entre lugares e instituições públicas quanto privadas implica em uma ampliação da representação sobre a violência ainda que se configure e manifeste como diferentes graus e intensidades, apreende-se neste estudo uma identidade comum entre as mulheres que é o sentimento de vitimização. Esses elementos comuns a todas as histórias de vida convergem em que todos entraram em algum ponto dessa relação violenta no que foi identificado como narrativas de medo, desamparo, raiva e resistência, que se referem ao todo de emoções, sentimentos, atitudes, comportamentos e realidades que são vivenciados por mulheres vítimas.

Referências

Andrade, Cristiane Batista, & Assis, Simone Gonçalves. (2018). Assédio moral no trabalho, gênero, raça e poder: revisão de literatura. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 43, e11.

Barros, Suzane Carvalho da Vitória, & Mourão, Luciana. (2018). Panorama da participação feminina na educação superior, no mercado de trabalho e na sociedade. Psicologia & Sociedade, 30, e174090.

Castiblanco Moreno, Suelen Emilia.(2018). Emprendimiento informal y género: una caracterización de los vendedores ambulantes en Bogotá. Sociedad y Economía,(34), 211‒228.

Delziovo, Carmem Regina, Coelho, Elza Berger Salema, d'Orsi, Eleonora, & Lindner, Sheila Rubia. (2018). Violência sexual contra a mulher e o atendimento no setor saúde em Santa Catarina – Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 23(5), 1687‒1696.

da Silva Fonseca, Thaisa, Viana Martins Portela, Ariane, de Assis Freire, Sandra Elisa, & Negreiros, Fauston. (2018). Assédio Sexual no Trabalho: Uma Revisão Sistemática de Literatura. Ciencias Psicológicas, 12(1), 25‒34.

Hernández García, Yuliuva; Delgado tornes, Alisa Natividad. Políticas públicas locales para atender la violencia de género en Cuba: entre desafíos y la realidad social de las mujeres víctimas. Encuentros, Barranquilla, v. 14, n. 2, p. 105‒120, dez. 2016.

Hryniewicz, Lygia Gonçalves Costa, & Vianna, Maria Amorim. (2018). Mulheres em posição de liderança: obstáculos e expectativas de gênero em cargos gerenciais. Cadernos EBAPE.BR, 16(3), 331‒344.

Lima, Camila Rodrigues Neves de Almeida. (2018). Gênero, trabalho e cidadania: função igual, tratamento salarial desigual. Revista Estudos Feministas, 26(3), e47164. Epub October 11, 2018.https://dx.doi.org/10.1590/1806‒9584‒2018v26n347164

Mendonça, Juliana Moro Bueno, Siqueira, Marcus Vinicius Soares, Santos, Marcelo Augusto Finazzi, & Medeiros, Cíntia Rodrigues de Oliveira. (2018). VIOLÊNCIAS NO AMBIENTE DE TRABALHO: PONDERAÇÕES TEÓRICAS. Psicologia & Sociedade, 30, e176960.

Montero, Maritza.Teoría y práctica de la psicología comunitaria: la tensión entre comunidad y sociedad.ed. 3- reimp. Buenos Aires: Paidós, 2006.

Montero, maritza. El fortalecimiento en la comunidad, sus dificultades y alcances. Univ. Psychol., Bogotá, v. 8, n. 3, p. 615‒626, sept. 2009.

Mota-Santos, Carolina, Carvalho Neto, Antonio, Oliveira, Paula, & Andrade, Juliana. (2019). Reforçando a contribuição social de gênero: a servidora pública qualificada versus a executiva. Revista de Administração Pública, 53(1), 101‒123. https://dx.doi.org/10.1590/0034‒761220170156

Oliveira, Érika Cecília Soares. "Eu também sei atirar"!: Reflexões sobre a Violência contra as Mulheres e Metodologias Estético Políticas. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 34, n. 3, p. 555‒573, set. 2014.

Oliveira, F. S., Araújo, L. M., Silva, L. L., Crispim, Z. M., Lucindo, v. b. d. b., oliveira, l. n., Violência doméstica e sexual contra a mulher: revista interativa. holos [en linea] 2017, 8 [fecha de consulta: 16 de septiembre de 2018]

Proni, Thaíssa Tamarindo da Rocha Weishaupt, & Proni, Marcelo Weishaupt. (2018). Discriminação de gênero em grandes empresas no Brasil. Revista Estudos Feministas, 26(1), e41780. Epub February 08, 2018.

Ruiz González, Martha Angélica, Espinosa Espíndola, Mónica Teresa, & Maceda Méndez, Adolfo. (2018). Importancia del diagnóstico de equidad de género en las instituciones de educación superior: un estudio de caso. RIDE. Revista Iberoamericana para la Investigación y el Desarrollo Educativo, 9(17), 141‒167.

Smith, Andreza do Socorro Pantoja de Oliveira; SANTOS, Jorge Luiz Oliveira dos. Corpos, identidades e violência: o gênero e os direitos humanos. Rev. Direito Práx., Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 1083‒1112, jun. 2017.

Silva, Lídia Ester Lopes da; Oliveira, Maria Liz Cunha de. Características epidemiológicas da violência contra a mulher no Distrito Federal, 2009 a 2012. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 25, n. 2, p. 331‒342, jun. 2016.

Silva, Alda Karoline Lima da, Marinho, Maria Izabel Dantas, Machado, Ludmila Sayonara da Silva Xavier, Queiroz, Jéssica Luana Fernandes de, & Jucá, Raphaela Margarida do Nascimento. (2019). Assédio moral no trabalho: do enfrentamento individual ao coletivo. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 44, e22. Epub May 30, 2019.S

Silva, Lindomar Pinto da, Castro, Miguel Angel Rivera, & Dos-Santos, Marcos Gilberto. (2018). Influência da Cultura Organizacional Mediada pelo Assédio Moral na Satisfação no Trabalho. Revista de Administração Contemporânea, 22(2), 249‒270.

Sousa, Tânia Cássia Cintra de, Coelho, Amanda Santos Fernandes, Mattos, Diego Vieira de, Valadares, Janaina Guimarães, Lima, Maíra Ribeiro Gomes de, Costa, Priscila Sousa, & Sousa, Maria Augusta Alves. (2019). Características de mulheres vítimas de violência sexual e abandono de seguimento de tratamento ambulatorial. Cadernos Saúde Coletiva, 27(2), 117‒123. Epub June 13, 2019.

Tavares, Ana Carolina Cerveira; Nery, Inez Sampaio. As repercussões da violência de gênero nas trajetórias educacionais de mulheres. Rev. katálysis, Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 241‒250, set. 2016

Tsukamoto, Sirlene Aparecida Scarpin, Galdino, Maria José Quina, Robazzi, Maria Lucia do Carmo Cruz, Ribeiro, Renata Perfeito, Soares, Marcos Hirata, Haddad, Maria do Carmo Fernandez Lourenço, & Martins, Júlia Trevisan. (2019). Violência ocupacional na equipe de enfermagem: prevalência e fatores associados. Acta Paulista de Enfermagem, 32(4), 425‒432.http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/lei-maria-da-penha/formas-de-violencia

Buscar artículos

Para cualquier asunto relacionado con esta revista favor de escribir a info@integracion-academica.org

ISSN: 2007-5588

Síguenos

Sitios de interés

Revista Alternativas en Psicología

Para incluir en este listado los proyectos editoriales de las instituciones pertenecientes a Alfepsi, favor de escribir a info@alfepsi.org

Revista Integración Académica en Psicología, publicación cuatrimestral editada por la Asociación Latinoamericana para la Formación y Enseñanza de la Psicología, A.C., calle Instituto de Higiene No. 56. Col. Popotla, Delegación Miguel Hidalgo. C.P. 11400. Tel. 5341‐8012, www.integracion-academica.org , info@integracion-academica.org . Editor responsable: Manuel Calviño. Reserva de derechos al uso exclusivo No. 04‐2013‐012510121800‐203 otorgado por el Instituto Nacional del Derecho de Autor. ISSN: 2007-5588. Responsable de la actualización de este número, creamos.mx, Javier Armas. Sucre 168‐2, Col. Moderna. Delegación Benito Juárez. C.P. 03510. Fecha de última modificación: 26 de febrero de 2014. Las opiniones expresadas por los autores no necesariamente reflejan la postura del editor de la publicación. Queda prohibida la reproducción total o parcial de los contenidos e imágenes de la publicación sin previa autorización de la Asociación Latinoamericana para la Formación y Enseñanza de la Psicología, A.C.